Pensamento da Semana

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segunda-feira, 22 de outubro de 2012

Por que amamos Avenida Brasil?

por @Marcos Hiller


Uma telenovela que fez tudo diferente. Uma ficção que inovou em diálogos, em cenários, em elenco, em tudo. Uma obra de ficção onde uma personagem fala para a outra: "Menina, desliga esse pré-pago". Uma novela onde a personagem Janaína (que representa a empregada doméstica de Carminha) também tem uma empregada doméstica na sua casa. Assim como em grande parte dos lares brasileiros, o seu sofá possui um plástico transparente que o protege contra a sujeira. O plástico foi retirado do sofá apenas no capítulo em que Tufão foi visitá-la. Genial!
 
Avenida Brasil subiu a barra do quesito qualidade de telenovelas produzida pela TV Globo. A ambientação dos cenários era cirurgicamente produzida com gatos de porcelana ao melhor estilo kitsch e tangibilizava trejeitos típicos do povo brasileiro de forma sublime. Trouxe à tona o espetacular ator Marcos Caruso e seu incomparável personagem Leleco, e Juliano Cazarré, que nos brindou com o hilário Adauto, e que também protagonizou um excelente papel no último filme do aclamado diretor brasileiro Fernando Meirelles.
 
A trama de José Emanuel Carneiro, que certamente teve seu passe valorizadíssimo após Avenida Brasil, catalisou nos internautas do Brasil um novo hábito. Hoje assistimos à telenovela diante de mais de uma tela. Estamos agora com um olho na televisão e com outro no nosso smartphone, onde em tempo real vamos comentando e lendo comentários de pessoas. As redes sociais digitais se tornam ambientes online onde depositamos legendas com nossas opiniões sobre as programações. Os trend topics do Twitter e os comentários do Facebook se tornam o diapasão que modela e modula os gostos da conectada audiência brasileira. Todos os dias por volta das 21h o "oi, oi, oi" pipocava nas timelines das redes sociais. A própria equipe do Twitter nos Estados Unidos demorou para entender essas intrigantes publicações. Alguns até acharam, erradamente, que fosse um flash mob.
 
Todos nós estamos inseridos dentro uma cultura, e que foi construída durante anos. E é nesse ecossistema cultural onde as emissoras de televisão se baseiam para gerar conteúdos. A TV Globo colocou no ar "Avenida Brasil" e a recém-terminada "Cheias de Charme", duas telenovelas que assumidamente tentaram se conectar com públicos emergentes, ou a grande parcela da população brasileira. O fato é que as novelas são grandes produtos culturais, e que fazem parte da educação das pessoas. Mas há quem possa definir as telenovelas como produtos sub-culturais e que alienam ou emburrecem o telespectador. Alguns intelectuais inclusive esculhambam o gênero. Com o que vi em Avenida Brasil, eu evidenciei exatamente o contrário de tudo isso. Foi sim uma verdadeira obra de arte. Parafraseando uma das maiores pensadoras de telenovelas no Brasil, a professora Maria Aparecida Baccega, quem pensa que telenovela aliena está chamando o povo de débil mental. Ela sempre foi extremamente educativa e de qualidade técnica altíssima. A telenovela está sempre um passo à frente da sociedade. Ela vai além dos limites morais de grande parte da população. Vemos personagens que representam atores-sociais de todos os estilos e todos os tipos.

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